A entrevistada da vez é Sarah Lima.
Sarah Lima é Doutoranda em Direito pela Universidade de Coimbra – UC (Portugal) com estágio em pesquisa na Université de Strasbourg (França), com bolsa de pesquisa Utrecht Network for Young Researchers, e na Universidade de Fortaleza – Unifor, com bolsa Erasmus+. Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará – UECE (2013) e Bacharela em Direito (2009) pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR, onde também concluiu Especialização em Direito Internacional (2012). Professora de Direito com experiência em cursos de graduação e pós-graduação (presenciais e EaD). Docente Externa Credenciada da Escola Superior de Magistratura do Ceará – ESMEC, atuando como professora formadora (FOFO – Nível 1 – módulo 3) de juízes e servidores, pesquisadora colaboradora do Grupo de Pesquisa “Dimensões do Conhecimento do Poder Judiciário” e parecerista da Revista Themis. Participa ativamente de pesquisas acadêmicas e possui produção científica em livros, periódicos científicos e jornais. Atua principalmente nas áreas: Direito Internacional Público, Direito Constitucional, Direitos Humanos e relações de gênero. Possui experiência com organização de eventos, ensino à distância e produção de material didático.
Nesse momento também é coordenadora do GT 1 – DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS.
Confira a entrevista:
1) Quais foram as principais influências ou experiências que moldaram sua abordagem acadêmica até hoje?
Minha trajetória acadêmica foi profundamente influenciada por três professoras excepcionais da graduação: Ma. Izabel Natércia Barreira, Dra. Déborah Barros Leal e Dra. Ana Maria D’Ávila Lopes. Com diferentes abordagens e um sério compromisso com a educação e a pesquisa, cada uma delas me inspirou a olhar o Direito de maneira mais aprofundada e interdisciplinar, e, também, a me tornar professora. Além disso, minhas experiências internacionais, como o estágio na ONG Grupo de Mujeres Argentinas, em Buenos Aires, por exemplo, ampliaram minha perspectiva sobre o papel do Direito na efetivação dos direitos humanos e na transformação social. Essas vivências moldaram minha forma de abordar a pesquisa e o ensino, sempre conectando teoria e prática, e buscando soluções jurídicas que dialoguem com realidades concretas.
2) Como a sua experiência acadêmica prévia contribui para a sua visão sobre os desafios e oportunidades do seu GT no CAED-Jus?
Minha trajetória acadêmica tem sido pautada pela interseção entre Direitos Humanos, Políticas Púbicas e relações de gênero, o que me permitiu desenvolver uma visão ampla sobre os desafios estruturais do campo jurídico. No CAED-Jus, meu GT “Política, Desigualdade e Sociedade” se beneficia dessa experiência ao abordar o Direito de maneira interdisciplinar, reconhecendo as barreiras impostas por estruturas normativas tradicionais, desigualdades sociais e aspectos políticos, explorando oportunidades para promover abordagens mais inclusivas e eficazes. O desafio está em equilibrar teoria e prática, garantindo que os debates acadêmicos tenham impacto real na aplicação de normas e na formulação de políticas.
3) Como você enxerga o papel do CAED-Jus na formação de novos profissionais do direito e em outras áreas interdisciplinares?
O CAED-Jus desempenha um papel relevante ao proporcionar um espaço para a construção do pensamento jurídico interdisciplinar. Diferentemente dos modelos tradicionais de ensino, que muitas vezes segmentam o Direito em compartimentos isolados, o Congresso estimula o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, capacitando profissionais para enfrentar desafios complexos da realidade jurídica contemporânea. Ademais, fomenta uma rede de colaboração acadêmica que transcende barreiras geográficas e institucionais, contribuindo para a internacionalização do debate jurídico e para a formação de juristas mais preparados para lidar com questões globais.
4) A temática do seu GT é fundamental para pensar o direito de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da sua temática?
Eu realizo pesquisas na área dos direitos humanos e relações de gênero há 15 anos. O maior desafio da minha temática é romper com a resistência de algumas abordagens jurídicas que ainda operam de forma excessivamente dogmática, sem diálogo com outras áreas do conhecimento. Na minha área de pesquisa, por exemplo, é essencial incorporar contribuições da Sociologia, da Antropologia e das Ciências Políticas para compreender a complexidade das dinâmicas sociais e jurídicas. No entanto, essa interdisciplinaridade exige um esforço tanto metodológico quanto conceitual, pois demanda a superação de paradigmas tradicionais e a disposição para construir soluções jurídicas mais dinâmicas e inclusivas.
5) De que maneira você acha que sua área de pesquisa pode impactar a transformação ou inovação no campo jurídico, especialmente em termos interdisciplinares?
Minha área de pesquisa tem o potencial de transformar o campo jurídico ao oferecer novas perspectivas para a interpretação e aplicação das normas. No cenário atual, o Direito não pode ser pensado de forma isolada: as soluções jurídicas precisam dialogar com a realidade social, com aspectos culturais e políticos, acompanhando as mudanças e incorporando abordagens interdisciplinares para serem verdadeiramente eficazes. Meus trabalhos sobre violência doméstica e direitos reprodutivos, por exemplo, apontam caminhos para fortalecer mecanismos de proteção dos direitos humanos das mulheres e para garantir que grupos historicamente marginalizados tenham voz e sejam respeitados.
6) Quais recursos ou estratégias você utilizou para manter-se atualizada e relevante dentro da sua área de pesquisa?
Para me manter atualizada, venho utilizando as seguintes estratégias:
- Participação em eventos acadêmicos, tanto no Brasil quanto no exterior, que permitem a troca de experiências com pesquisadores de diversas áreas e a atualização sobre debates emergentes;
- Cursos e formações especializadas, que possibilitam o aprofundamento de conhecimentos e a incorporação de novas abordagens metodológicas;
- Acompanhamento constante das publicações científicas na minha área, o que inclui artigos, livros e relatórios de organismos internacionais.
Essa combinação de estratégias me permite não apenas acompanhar as discussões mais recentes, mas também contribuir ativamente para elas.
7) Para quem está começando a se envolver com projetos interdisciplinares, qual habilidade você acredita ser essencial para o sucesso nesse tipo de iniciativa?
A habilidade mais essencial para quem deseja atuar em projetos interdisciplinares é manter a “mente aberta”, pois isso garante a capacidade de diálogo. Trabalhar de forma interdisciplinar exige a disposição para ouvir perspectivas diversas, compreender diferentes metodologias e integrar conhecimentos de áreas distintas sem reduzir sua complexidade. Ter uma “mente aberta” significa apresentar um pensamento flexível, que permita transitar entre diferentes campos do saber sem perder a profundidade da análise. Afinal, a interdisciplinaridade não significa apenas justapor conceitos de diferentes áreas, mas construir conexões que gerem novas formas de compreensão e solução para problemas jurídicos e sociais.
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