A entrevistada da vez é Nathália Gonçalves Zaparolli .
Nathália Gonçalves Zaparolli é Professora do Ensino Básico do Mato Grosso do Sul. Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos. E pesquisadora do Grupo de Pesquisa Núcleos Associados de Pesquisa em Políticas Públicas, UFSCar – Campus São Carlos. As linhas de pesquisa são Políticas Públicas, Desenvolvimento e Direito Internacional.
Atua no time de Advisors do Connect – Ambiente de Inovação.
Nesse momento, coordenadora do GT 12 – TEMAS CONTEMPORÂNEOS .
Confira a entrevista:
1) Quais foram as principais influências ou experiências que moldaram sua abordagem acadêmica até hoje?
Ao refletir sobre essa pergunta, penso em grande medida em pessoas com as quais pude trabalhar. Quando fazia Física na Universidade Federal de São Carlos, em meados de 2008, pude participar de um Grupo de Astronomia com o Prof. Dr. Gustavo Rojas. Fizemos pesquisa e extensão, aprendi o que era ciência, como os programas da universidade funcionavam, a organizar Congressos, a fazer divulgação científica. Anos depois, ainda na graduação em Ciências Sociais na mesma universidade, pude trabalhar com extensão com a Profa. Dra. Vera Cepêda. Foi uma experiência que me fez enxergar o que era as Ciências Sociais e como atuar para fora dos muros da universidade. Meu orientador Prof. Dr. Thales de Andrade, com ele aprendi a importância da interdisciplinariedade e tive um exemplo de como tratar com humanidade os colegas de trabalho. E a Profa. Dra. Luciléia Colombo, eu já estava no doutorado, trabalhei com uma profissional altamente produtiva e todos os trabalhos de altíssima qualidade. Assim, a forma como faço pesquisa, a intenção que coloco nos trabalhos, as abordagens e o significado que atribuo a nossa profissão acadêmica tiveram grandes influências de um pouco que aprendi com cada um desses exímios profissionais.
2) Como a sua experiência acadêmica prévia contribui para a sua visão sobre os desafios e oportunidades do seu GT no CAED-Jus?
O GT no qual faço parte se trata de Temas Contemporâneos, por si só já demonstra a abrangência e possibilidades das pesquisas. Por ter uma trajetória de estudo e pesquisa interdisciplinar, permitiu que tivesse contato com diversos temas, áreas de conhecimento, metodologias. Essas trocas e vivências na carreira acadêmica me capacitaram a avaliar e propor sugestões para os trabalhos submetidos, além de me proporcionar novas aprendizagens que levarei para os próximos eventos.
3) Como você enxerga o papel do CAED-Jus na formação de novos profissionais do direito e em outras áreas interdisciplinares??
O CAED-Jus é um espaço de trocas de conhecimentos com acadêmicos capacitados e dispostos a auxiliar os novos profissionais em suas carreiras, no sentido de somar, alavancar, aprender e ensinar. Esse espaço diverso e democrático é a tônica para agregar positivamente as formações de novos profissionais na área do Direito, como em outras.
4) A temática do seu GT é fundamental para pensar o direito de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da sua temática?
Produzir pesquisas com análises sólidas dos fenômenos atuais. Por vivermos aquilo que estamos pesquisando, estarmos no mesmo tempo histórico, essa proximidade, por vezes, dificulta observarmos variáveis relevantes, ou fenômenos que podem ter relações/correlações. Quando analisamos fenômenos de um passado um pouco mais distante, conseguimos ter mais informações, mais conhecimentos, isso pode influenciar nosso entendimento e nossa pesquisa, sem contar que as tecnologias e metodologias se desenvolvem também. De todo forma, não podemos nos desmotivar a respeito dos estudos contemporâneos, pois o que produzimos agora também influenciarão e nortearão as pesquisas futuras e, certamente, com qualidade, mas é sim um desafio.
5) De que maneira você acha que sua área de pesquisa pode impactar a transformação ou inovação no campo jurídico, especialmente em termos interdisciplinares?
É uma área em constante movimento e transformação, pois se trata de Políticas Públicas. Nessa área, temos que analisar os fenômenos sociais no passado, para entendermos porque nossa sociedade tem certas características. E, a partir disso, analisar a sociedade atual para determinarmos as necessidades existentes e de que forma o Estado precisa agir. Por esses motivos já é uma área inovativa e que transforma o direito a todo momento, pois o direito precisa se adequar as demandas atuais, visto que a sociedade muda, assim como suas necessidades.
6) Quais recursos ou estratégias você utilizou para manter-se atualizado(a) e relevante dentro da sua área de pesquisa?
Planejamento e disciplina fazem toda diferença. É necessário criar um cronograma de estudos, distribuir por prazos o que precisa ser lido, aprendido, pesquisado, e organizados dentro das demandas nossas diárias. E se aperfeiçoar numa curadoria para nos basearmos em estudos bem estruturados, científicos de fato, construir bases acadêmicas sólidas. Assim como aprender a se comunicar com o outro, em especial com aqueles muito diferentes de quem somos, pois ciência não se faz sozinho,é preciso desenvolver a capacidade colaborativa.
7) Para quem está começando a se envolver com projetos interdisciplinares, qual habilidade você acredita ser essencial para o sucesso nesse tipo de iniciativa?
Acredito que a curiosidade é imprescindível, a eterna vontade de saber mais e como os fenômenos funcionam, assim nunca ficaremos limitados. Além de ter uma mentalidade que respeita as diferenças e as diversidades, pautada em valores democráticos. As distinções nos fazem crescer, olhares diferentes auxiliam a analisar os objetos sob vários pontos de vista e isso facilita a acharmos soluções (criativas). E democrático, visto que o acesso à educação, ao fazer pesquisa, a recursos materiais e não materiais para isso são direitos de todas as pessoas. Isso é fazer ciência, em especial os estudos interdisciplinares.
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