A entrevistada desta vez é Maria Cecília Moutinho Baseggio.
Maria Cecília Moutinho Baseggio é Doutoranda em Ciências da Comunicação no ISCTE-IUL/Portugal (Instituto Universitário de Lisboa). Mestre em em Gestão do Trabalho para a Qualidade do Ambiente Construído na Universidade Santa Úrsula. Graduada em Comunicação Social (Jornalista e Radialista) pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós-graduada em Comunicação Empresarial pela Universidade Estácio de Sá. Percurso profissional de 17 anos no mercado de comunicação social, tendo passado por produtoras e canais de televisão (KN Vídeo, TV Globo e Canal Futura – Fundação Roberto Marinho), como também atuado como Assessora de Comunicação Social, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na Marinha do Brasil. Ela é Coordenadora do GT Educação Inclusiva e de Jovens e Adultos do CAEduca 2019.
Confira a entrevista:
1) Você foi selecionado(a) para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.
Minha trajetória acadêmica teve início com a graduação em Comunicação Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro, primeiramente, no curso de Radialismo e, posteriormente em Jornalismo. Entre a conclusão das duas habilitações, cursei pós-graduação em Comunicação Empresarial na Universidade Estácio de Sá, com o intuito de um aprimoramento profissional.
Desde cedo na Universidade estive envolvida em estágios profissionais, o que naturalmente me levou a uma maior dedicação à minha carreira profissional. Fui estagiária produzindo programas de televisão em uma destacada produtora independente brasileira (KN Vídeo) e na Central Globo de Jornalismo (TV Globo). Como profissional, minha atuação se dividiu entre a experiência no ramo do audiovisual, no Canal Futura, canal educativo da Fundação Roberto Marinho do Grupo Globo e, como Assessora de Comunicação Social, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na Marinha do Brasil. Nos últimos oito anos, atuei como jornalista, prestando serviço militar voluntário, o que me proporcionou larga experiência em assessoria de comunicação, especialmente no relacionamento com a imprensa e nas relações públicas, tendo liderado equipes a fim de divulgar a imagem positiva da mais antiga Força Armada brasileira. Servi no Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e posteriormente no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes e Comissão de Desportos da Marinha. Atuei também na organização de eventos e na recepção de autoridades militares nacionais e internacionais, tendo tido uma enriquecedora experiência de campo na MINUSTAH – Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, em dezembro de 2012 e da comunicação social do Programa Olímpico da Marinha antes, durante e após os Jogos Olímpicos Rio 2016.
No ano de 2016, candidatei-me ao Programa de Mestrado Profissional em Gestão do Trabalho para a Qualidade do Ambiente Construído na Universidade Santa Úrsula. Conforme convênio firmado com a Organização Militar na qual trabalhava – o Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes – e a referida Universidade, candidatei-me também à bolsa de estudo integral. Obtendo aprovação nas duas seleções, participei do Programa de Mestrado da Instituição nos anos de 2017 e 2018.
Dentro da linha de pesquisa Direito, Ética e Cidadania nas Organizações, inserida no projeto do Professor Dr. Adriano da Silva Rosa, “Inter-relações sociedade e ambiente construído: cultura, cidadania e acessibilidade”, pude, tratando-se de um mestrado interdisciplinar, trabalhar questões importantes sobre a gestão da informação, acessibilidade e cidadania no ambiente da internet, investigando como se concretizam as relações entre a sociedade e o ambiente construído, a partir da compreensão dos códigos culturais, da gestão do trabalho, da cidadania e da acessibilidade.
Com a pesquisa intitulada “Informação, Acessibilidade, Inclusão Social e Cidadania: Um Estudo de Caso do Site Movimento Down”, desenvolvi um estudo de caso sobre o sítio eletrônico Movimento Down, com o objetivo de investigar se a ampla divulgação de informações acerca da síndrome de Down seria capaz de promover acessibilidade, inclusão social e cidadania para o público em questão. Para a análise, foram desenvolvidos parâmetros e indicadores e diálogo com autores que trabalham questões sobre a gestão da informação, o poder da informação, a qualidade da informação, o conceito de acessibilidade, de inclusão social e de cidadania. Conclui-se que a informação, quando transformada em conhecimento, inserida dentro das experiências sociais e culturais de cada indivíduo, seria capaz de promover importantes reflexões, levando as pessoas a buscarem mudanças em relação a seus lugares na sociedade, passando a ter conhecimento de seus papéis sociais, suas possibilidades e seus direitos, sendo capazes de buscar e reivindicar o exercício pleno de suas cidadanias.
Desenvolveu-se também, como produto final deste estudo, um encarte digital intitulado de “Guia de Boas Práticas: Acessibilidade, Inclusão Social e Cidadania na Web”, tendo como público-alvo equipes de desenvolvimento de sites de instituições que se relacionem com pessoas com deficiência. Foi ainda, em 25 de outubro de 2018, submetido o artigo “Conforto e Acessibilidade no Ambiente Virtual: acesso à informação no site Movimento Down” para a revista Comunicação & Informação, da Universidade Federal de Goiás, o qual aguarda a análise dos editores. Defendida em dezembro de 2018, a pesquisa foi avaliada com nota máxima e teve sua publicação recomendada.
Após a conclusão do mestrado ingressei no Grupo de Pesquisa do MGTQAC, “Cidadania, Educação e Direitos Humanos”, liderado pelo professor Dr. Adriano Rosa. Inscrevemos o trabalho “Cidadania e acesso à informação de pessoas com deficiência: as novas possibilidades com o uso da internet” em formato de pôster no IV Encontro do Observatório de Deficiência e Direitos Humanos (ODDH), que se realizará a 13 de dezembro, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa e fomos aceitos. Estamos também em fase de formatação final de um artigo para a Revista Comunicação & Informação da Universidade Federal de Goiás e temos também um capítulo em livro sendo organizado. Todos os trabalhos frutos da minha dissertação do mestrado.
Em Janeiro de 2019, candidatei-me ao Doutoramento em Ciências da Comunicação no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), recebendo a aprovação em março. Desde 19 de março, mudei-me com minha família para Lisboa, num projeto de mudança planejado por 3 anos. Mesmo o doutorado apenas se iniciando no corrente mês de outubro, a chegada prévia nos ajudou com a adaptação. Em abril, candidatei-me também a Universidade de Lisboa para o Doutoramento de Ciências da Comunicação, sendo também aprovada no mês de maio. Pude escolher e optei pelo ISCTE-IUL. Um dos fatores primordial foi poder escolher o meu projeto de tese.
Pretendo no Doutorado continuar estudar questões relativas à importância da comunicação para as pessoas com deficiência. Meu projeto deverá ser sobre a representatividade de pessoas com deficiência na mídia.
2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?
A possibilidade de discutir a educação de forma interdisciplinar. É importante que a educação, seja discutida transversalmente com outros campos do saber. Cada vez mais percebe-se o quanto o processo educacional está integrado com outros aspectos da vida do indivíduo e da sociedade.
3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da sua temática?
O nosso principal desafio é diário. É a sociedade perceber que a educação inclusiva deve ser fortalecida, pois traz ganhos para todos. Logo, para isso é preciso pesquisa, estudos e comprovações que fortaleçam este discurso. Com base empírica e teórica, a educação inclusiva ganhará cada vez mais peso e força na sociedade brasileira.
4) Bom, outras pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?
Não tem muito segredo. A dica é estudar e se dedicar. Pesquisar e colocar à prova suas teses. Basear-se em autores consagrados, consultar repositórios respeitados, e por fim, acreditar naquilo que se deseja estudar!
Gostou da entrevista? Não esqueça de comentar e compartilhar.
A propósito, você já submeteu seu trabalho ao CAEduca 2019? Você pode acessar o site do CAED-Jus em www.caedjus.com/eventos e se inscrever no próximo evento programado com um artigo de sua autoria. Aproveite esta oportunidade!