O entrevistado da vez é o Fábio Lucas de Albuquerque Lima.
Fábio Lucas de Albuquerque Lima é Membro do Instituto de Direito Administrativo de Sergipe – IDAS. Mestre em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas. Graduado em Direito. Autor de livros e artigos na área do direito.
Nesse momento, coordenador do GT ESPECIAL: DIREITO À SAÚDE, JUDICIALIZAÇÃO E NOVOS DIREITOS .
Confira a entrevista:
1) Quais foram as principais influências ou experiências que moldaram sua abordagem acadêmica até hoje?
Muitas pessoas contribuíram para moldar minha trajetória acadêmica. Falando como leigo em Psicologia, posso dizer que meu pai foi uma delas. Cresci ao lado de um historiador que se dedicava à Etnografia e à pesquisa da literatura oral. Aos 14 anos, fiz um curso de datilografia e, a partir de então, passei a ajudá-lo a datilografar seus livros, além de editar o pequeno jornal da minha escola. Foi nessa época que escrevi meu primeiro livro de poesias, Candelabros. Esse convívio acadêmico criou raízes profundas em mim.
2) Como a sua experiência acadêmica prévia contribui para a sua visão sobre os desafios e oportunidades do seu GT no CAED-Jus?
Eu costumo dizer, em tom de brincadeira, que meu hobby é escrever. Acredito que a pesquisa se fortalece por meio da comunicação acadêmica de alto nível em congressos como o CAED-Jus. Ao apresentar um trabalho, contribuo com o evento, mas, ao mesmo tempo, o evento contribui comigo, impulsionando meu crescimento e aprimoramento.
Cada palestra é uma experiência única. Não sei se essa expressão existe, mas cada fala, cada escuta atenta a um colega, nos enriquece e reforça a certeza de que este é o mundo que escolhi para (con)viver…
3) Como você enxerga o papel do CAED-Jus na formação de novos profissionais do direito e em outras áreas interdisciplinares??
Assim como os profissionais do Direito se reúnem no CAEDUCA, especialistas de diversas áreas — como Pedagogia, História, Política, Filosofia, Psicologia e Biologia — se encontram no CAED-Jus. A diversidade de GTs possibilita a aproximação de cientistas de diferentes campos do conhecimento, enriquecendo o ambiente interdisciplinar.
4) A temática do seu GT é fundamental para pensar o direito de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da sua temática?
O Direito é, por natureza, interdisciplinar e tende ao pluralismo. No entanto, com o positivismo e a abordagem cartesiana de nomear e segmentar tudo em departamentos, acabamos promovendo um reducionismo na ciência jurídica.
Aqui no CAED-Jus, buscamos justamente resgatar essa perspectiva interdisciplinar: compreendendo que existem muitas caixinhas não binárias em lugares diferentes, que mesmo à distância podem contribuir com o sistema de justiça.
O próprio GT Especial reflete essa visão: direito à saúde, acesso à justiça e novos direitos. Esses temas norteadores abrangem desde a sociologia jurídica até a inteligência artificial e a biologia sintética.
5) De que maneira você acha que sua área de pesquisa pode impactar a transformação ou inovação no campo jurídico, especialmente em termos interdisciplinares?
Minha pesquisa se concentra em Direito Constitucional Administrativo e Direito Previdenciário. Em muitos estudos, a abordagem transita do Direito Constitucional à Administração da Justiça e reconhecimento administrativo de direitos pelo INSS. Noutro caso, investigo temas como a gestão de pessoas no setor público em regime de teletrabalho e a identificação de erros cognitivos, vieses e ruídos na interação intersubjetiva em reuniões virtuais. Então acredito muito nessa triangulação.
6) Quais recursos ou estratégias você utilizou para manter-se atualizado(a) e relevante dentro da sua área de pesquisa?
A estratégia principal foi a organização das leituras com fichamentos. Sem fichamentos de uma boa bibliografia, a tendência da paralisia à frente do computador é muito alta. Com fichamento a escrita tende a fluir.
Os recursos ainda continuam sendo livros e livros. Eu particularmente gosto do livro físico. Entretanto, os e-book estão ajudando. Os artigos em periódicos on line de acesso aberto tem sido algo bem presente. Diria até o principal recursos teórico, apesar de o direito ser uma área do conhecimento ainda muito apegada ao livro.
7) Para quem está começando a se envolver com projetos interdisciplinares, qual habilidade você acredita ser essencial para o sucesso nesse tipo de iniciativa?
Entender que a vida é mais que interdisciplinar. Entender que a compreensão das coisas é interdisciplinar (não direi multidisciplinar pois tenderia ao infinito).
Estar aqui é uma oportunidade de ver e viver essa interdisciplinaridade. Não deixe para depois, inscreva-se agora mesmo, envie seu artigo ou resumo.
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A propósito, você já submeteu seu trabalho ao próximo evento do CAED-Jus? Você pode acessar o site do CAED-Jus em www.eventoscaedjus.com/caedjus-site e se inscrever no próximo evento programado com um artigo de sua autoria. Aproveite esta oportunidade!