A entrevistada da vez é Ivone Laurentino dos Santos.
Ivone Laurentino dos Santos é Psicóloga (CRP-01/24388). Na Universidade Católica de Brasília – UCB – fiz o curso de filosofia, além de especializações lato sensu em “Planejamento e Avaliação Educacional” e “Antropologia e Mundos Contemporâneos” e Mestrado em Psicologia. Na UnB, fiz concomitantemente a especialização e o Doutorado em Bioética: Tese orientada por Dr. Volnei Garrafa: “A (Bio)ética Universal na obra de Paulo Freire”. Sou Professora Aposentada (Filosofia e Sociologia) da Secretaria de Estado e Educação do DF, com experiência também em Ensino Superior: graduação e pós-graduação. Atuo como Psicanalista Clinico (Instituto Superah), tendo agregado ao meu currículo a especialização “A Psicanálise no Século XXI”(FAAP). Em Fevereiro de 2024 conclui a residência em Saúde Mental do Adulto (FEPECS – DF). Desde Março de 2024 sou professora do Departamento de Processos Psicológicos Básicos – DPP – da Universidade de Brasília – UnB.
Professora do Departamento de Processos Psicológicos Básicos – DPP – da Universidade de Brasília – UnB. Autora do livro “Indisciplina e Resistência na Escola: uma descrição fenomenológica”. Editora Juruá, 2021.
Nesse momento também é coordenadora do GT 1 – DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS.
Confira a entrevista:
1) Quais foram as principais influências ou experiências que moldaram sua abordagem acadêmica até hoje?
Tenho uma formação bastante ampla. Sou cria da Universidade Católica de Brasília (UCB), onde aconteceram os primeiros grandes encontros da minha vida acadêmica. Lá fiz a minha primeira gradução: filosofía, que me rendeu incontáveis frutos: me tornei professora de filosofía do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e fui aprovada no concurso para professora de filosofía da Secretaria de Estado e Educação do Distrito Federal (SEEDF). Na UCB fiz duas especializações e o Mestrado em Psicologia. Foi na UCB que conheci a professora que me despertaria o interesse pela Bioética, a Dra. Débora Diniz, antropóloga de projeção internacional, atualmente professora do curso de Direito da UnB.
Mas o grande encontro, que marcou de forma definitiva a minha trajetória acadêmica, foi com o, hoje professor emérito da UnB, Dr. Volnei Garrafa, criador da “Bioética de Intervenção”, que me presentiou com a tese: “A bioética Universal na Obra de Paulo Freire”. No momento, sou professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, o que me deixa muito orgulhosa e honrada. Em suma, minhas duas grandes escolas foram (e são): A UCB e a UnB.
Do ponto de vista da produção acadêmica, a “virada de chave” se deu justamente quando eu conheci o CAED-Jus e o CAEduca no ano de 2019, durante a minha segunda graduação: Psicologia, no Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – UNIPLAC. Foi com o CAED-Jus e o CAEduca, que fui despertada para a necessidade de publicar, sem que tal tarefa se tornasse um grande martírio. A partir de 2019, eu ampliei de forma significativa minha produção acadêmica, superando em termos de quantidade e qualidade as produções durante o mestrado e doutorado. Digo, sem medo de errar, que aprendi a escrever – e peguei gosto pela tarefa -, através do CAED-Jus e do CAEduca.
2) Como a sua experiência acadêmica prévia contribui para a sua visão sobre os desafios e oportunidades do seu GT no CAED-Jus?
Coordenar o GT “Direitos Humanos e Fundamentais” sempre foi minha meta, desde a primeira participação no CAED-Jus. Como professora e estudiosa de Paulo Freire, me considero, desde os meus tempos de estudante de filosofia, uma militante dos Direitos Humanos e isso me abre a possibilidade de contribuir de forma significativa para o sucesso do GT. Coordenar o GT 1 e ter a chance de compartilhar saberes com colegas de profissão, que trazem em seus currículos experiências excepcionais, em diversas localidades do país, é um enorme privilégio e uma grande honra. A formação interdisciplinar, que atravessa toda a minha trajetória, acaba por facilitar bastante o diálogo e as trocas com os demais coordenadores e todos os envolvidos; além disso, ter uma produção acadêmica de relevência e ser, atualmente, professora de uma das melhores Universidades do país, a UnB, me coloca em plenas condições de contribuir para o sucesso do projeto proposto pelo CAED-Jus.
3) Como você enxerga o papel do CAED-Jus na formação de novos profissionais do direito e em outras áreas interdisciplinares?
O CAED-Jus é uma oportunidade única de divulgação e publicação de pesquisas, especialmente para os profissionais que se veem alijados do processo, por conta do caráter inacessível da maioria das revistas científicas. O caráter democrático, e transparente (editais muito bem elaborados, que cumprem os prazos estabelecidos) do CAED-Jus é um presente, no sentido de tornar a produção científica acessível a profissionais das diversas áreas de saber, e não somente do direito.
4) A temática do seu GT é fundamental para pensar o direito de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da sua temática?
O grande desafio é justamente avaliar os trabalhos, a partir de um olhar interdisciplinar. Não se trata de um GT sobre o Direito, num sentido restrito. O direito precisa ser visto, nesse GT – e ousaria dizer, devido ao caráter do próprio CAED-Jus, em todos os GTs -, como um saber que transcende a si mesmo, visto que traz para si a complexidade do humano, das suas práxis e leituras plurais de mundo. Nessa perspectiva, não se trata de negar ou negligenciar o direito, mas apenas tratá-lo como produção humana, complexa e prenhe de significados; significados estes que ultrapassam os limites tradicionalmente estabelecidos pela academia.
5) De que maneira você acha que sua área de pesquisa pode impactar a transformação ou inovação no campo jurídico, especialmente em termos interdisciplinares?
Espero contribuir para a construção de um Direito que se assuma como social, dialético e dialógico, capaz de romper o claustro em que se encontra, habilitando-se para a tarefa de levar adiante um projeto de sociedade que ampare homens e mulheres nos seus desejos de desenvolverem suas vocações naturais para a liberdade, sem que, para isso, tenham que negar o mesmo direito aos outros. Uma perspectiva libertadora do Direito assume a defesa de um outro paradigma, humanitário e inclusivo; uma nova visão, que encare a vida humana como um processo contínuo de luta que, solidariamente, transcenda a qualquer possibilidade de determinismo. A proposta de uma sociedade voltada para a afirmação dos direitos de todos, devido ao seu caráter libertador, pode nos oportunizar um outro olhar, voltado para o cultivo das nossas humanidades e, portanto, comprometido com a recusa da coisificação do humano.
6) Quais recursos ou estratégias você utilizou para manter-se atualizada e relevante dentro da sua área de pesquisa?
Jamais abrir mão da pesquisa e comprometer-se com a publicação dos seus resultados. Para o docente, eu diria que a pesquisa é indispensável, pois sem pesquisa os “conteúdos” apresentados em sala de aula, tendem a ficar ultrapassados e desinteressantes. No que se refere a minha área, especificamente, participar, com regularidade, de eventos interdisciplinares de divulgação científica, como o CAED-Jus e o CAEduca, é praticamente obrigatório.
7) Para quem está começando a se envolver com projetos interdisciplinares, qual habilidade você acredita ser essencial para o sucesso nesse tipo de iniciativa?
Manter-se curioso sempre, persistir e se interessar em compartilhar saberes. Para tanto, é imprescindível o desejo de aprender consigo mesmo e com os outros, aproveitando as oportunidades de crescimento pessoal e profissional que a vida oferece. Enfim, a vida nos permite escolher entre ocupar-se em viver ou ocupar-se em morrer. A opção pela vida inclui, necessariamente, o não abrir mão da aprendizagem permanente e do compartilhamento das experiências, visto que a educação, para não ser reduzida a mero adestramento, carece de ser um projeto coletivo e transformador.
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