A entrevistada desta vez é Caroline Stéphanie Francis dos Santos Maciel.
Caroline Stéphanie Francis dos Santos Maciel é doutoranda em Direito na UFMG, com bolsa da CAPES. Mestra em Direito na UFMG, com bolsa do CNPq e dissertação duplamente premiada (CAED-Jus e IDARJ). Bacharela em Direito na UFMG, com formação complementar na University of Leeds (UK). Gerente de Inteligência de Dados na startup política Dado Capital, que usa inteligência artificial para monitorar o Congresso. Advogada especializada em consultoria e assessoramento legislativo. É também Coordenadora do GT Tecnologia e Sociedade do CAED-Jus 2021.
Confira a entrevista:
1) Você foi selecionado(a) para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAED-Jus. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.
Sou uma pessoa movida por desafios e pela busca por excelência. Desde a graduação, tenho construído um perfil versátil e fora da trajetória jurídica tradicional. Fiz meu mestrado em direito constitucional e processo legislativo e já advoguei em civil, tributário e criminal. No doutorado, meu enfoque é mais no direito administrativo e área regulatória. Vejo meu tema na prática na minha atuação com análise de dados e uso de ferramentas de inteligência artificial para monitorar proposições legislativas em tramitação nos parlamentos brasileiros. Essa tem sido uma constante na minha trajetória: aliar minha bagagem acadêmica com iniciativas concretas, ligadas ao setor privado e público. Da mesma forma, além de publicações em revistas científicas, produzo artigos de opinião no Jota e livros comerciais com linguagem técnica, mas acessível, em temas quentes na área da inteligência regulatória.
2) O que mais lhe chamou atenção no CAED-Jus? Como você enxerga esse espaço, especialmente em um contexto de pandemia?
Cada vez mais, precisamos romper com o paradigma de pesquisa científica individual. Devemos construir conexões e atividades verdadeiramente colaborativas no meio acadêmico. O CAED-Jus funciona como um espaço privilegiado para conhecer pesquisadores nacionais e internacionais, formar novas parcerias e desenvolver propostas coletivas. É uma rede com muito potencial para contribuir para o avanço jurídico-científico do país. Mas tudo depende da forma como você aproveita este espaço. Acho importante usá-lo no máximo de suas potencialidades.
A pandemia nos fez repensar prioridades e adaptar a novas realidades. A virtualização veio para ficar. Precisamos aprimorar ainda mais essas trocas virtuais, que têm efeitos disruptivos enormes.
3) A temática do seu GT é fundamental para pensar o direito de maneira transversal e para o futuro do direito. O que você concebe como principal desafio de escrita no tema da Tecnologia e Sociedade?
Ninguém duvida que a tecnologia muda as relações sociais, jurídicas, políticas, econômicas, culturais, etc. Todos sabemos a centralidade desse tema. A dificuldade é, principalmente, a grande complexidade e ampla possibilidade de abordagens. Estamos em um espaço de envio de resumos e artigos. Não tente falar desse tema de forma geral demais. Coloque objetivos específicos, limite-se a falar de assuntos determinados dentro desse mundo de possibilidades. Escreva sobre casos concretos, situações práticas de impacto da tecnologia na sociedade e no direito. É muito melhor ter um espectro limitado e falar de forma profunda do que fazer um panorama genérico de um assunto ilimitado e complexo.
4) Falar de tecnologia e sociedade abarca inúmeras possibilidades. Como escolher sobre o que falar dentro desse leque?
Nosso GT funciona como espaço para envio de todos trabalhos científicos que querem falar do viés tecnológico em qualquer área do direito, da política ou, de forma mais geral, de ciências sociais aplicadas. Comece pelo básico. Qual sua área profissional ou acadêmica? Você estuda ou trabalha em direito civil, tributário, criminal, trabalhista, administrativo, constitucional […]? Escolha um tema dentro do que você conhece e o aborde na perspectiva do impacto tecnológico. Vamos supor que seja trabalhista. Comece a pensar em situações concretas que você tem visto a tecnologia mudar as relações de trabalho. Pronto, você já tem um ponto de partida. Não esqueça de ser específico dentro do que escolher e seguir uma metodologia. Mas, claro, nada impede que você aborde o tema de forma filosófica e abstrata, desde que o faça com a profundidade necessária.
5) Bom, outras pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAED-Jus. Que outras dicas você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?
Além do que já falei sobre delimitação temática e abordagens limitadas e específicas, eu diria que o passo seguinte é o levantamento bibliográfico. Use boas bases de dados, pesquise livros, dissertações, teses e outros artigos científicos no tema. Colete o que for interessante. Mas não esqueça de continuar a olhar para a realidade social lá fora. Muita coisa no tema da tecnologia ainda não foi sequer pensada, quanto mais escrito. Não tenha medo de arriscar, sem esquecer, claro, de ter um método claro, com problema, hipótese e objetivos bem definidos.
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A propósito, você já submeteu seu trabalho ao próximo evento do CAED-Jus? Você pode acessar o site do CAED-Jus em www.caedjus.com/eventos e se inscrever no próximo evento programado com um artigo de sua autoria. Aproveite esta oportunidade!