Ministrar uma boa aula requer mais do que talento por parte de quem se “aventura” na docência. Exige estudo, planejamento e criatividade, dentre outros aspectos. Um professor comprometido quer mesmo é fazer com que os estudantes apreendam não só o conteúdo, mas também exercitem a capacidade de pensar criticamente a realidade que os cerca.
Esse trabalho tem início na elaboração do plano de ensino, afinal ele é o mecanismo que norteia a prática pedagógica, facilitando o desenvolvimento de uma disciplina curricular.
Um plano de ensino pedagogicamente adequado é dinâmico, crítico e reflexivo, além de dialógico e flexível, no sentido de dar espaço para que os estudantes possam ajudar a construir as aulas. Não se trata aqui de transferir a responsabilidade do professor para o aluno, mas de ouvir o que os estudantes têm a dizer.
Apresentaremos a seguir 08 itens básicos que devem compor um plano de ensino.
O QUE É UM PLANO DE ENSINO?
O Plano de Ensino é o registro do planejamento das ações pedagógicas a serem executadas numa disciplina curricular num determinado período letivo. Ele orienta o trabalho docente, facilitando a realização daquilo que foi previamente programado. Ou seja, é com base no plano de ensino que o professor prepara suas aulas.
Um plano de ensino pedagogicamente adequado deve ter coerência interna (com suas partes dialogando entre si, ou seja, os objetivos em acordo com a metodologia de ensino, ambos em sintonia com o conteúdo programático e assim por diante) e elementos necessários para impulsionar o processo de ensino-aprendizagem.
Não é apropriado que o plano de ensino seja definitivo. Mesmo após o início das aulas, com o “bonde andando”, o professor pode fazer alguma alteração na metodologia de ensino para aprimorar seu trabalho ou, mesmo, acrescentar alguma bibliografia mais atual, bem como retirar alguma obra considerada obsoleta ou que tenha perdido relevância.
Essas modificações vão depender dos “contratempos” que possam ocorrer no caminho, dentre eles o próprio andamento dos conteúdos trabalhados em sala de aula, o perfil da turma, o calendário letivo, etc.
Em síntese, para construir um plano de ensino, o professor deve se perguntar:
- O que fazer
- Como fazer
- Quando fazer
- Com que fazer
- Com quem fazer
O QUE É UM PLANO DE AULA?
Enquanto o plano de ensino abarca um longo período, a visão geral da matéria (macro), o plano de aula é o roteiro de cada aula, cada encontro (micro). É através do plano de aula que o professor vai poder sistematizar o conteúdo de cada compromisso, elencando objetivos, metodologia e bibliografia.
O plano de aula segue basicamente o mesmo padrão do plano de ensino, com algumas adaptações. Por exemplo: o conteúdo programático, por representar o programa da disciplina, cabe mais num plano de ensino do que num plano de aula; logo, o conteúdo programático não consta no plano de aula. O cronograma também não entra no plano de aula.
Não confunda plano de ensino com plano de aula!
Feita essa distinção, vamos aos componentes básicos de um plano de ensino!
# ITEM 01 – Identificação
Funciona como uma espécie de cabeçalho do plano de ensino. Como o próprio nome aponta, é o item que identifica as informações básicas da disciplina. Deste modo, deve conter: nome do curso, nome da disciplina, código da disciplina, ano e semestre de oferta, nome do professor, número de créditos, horário da aula, carga horária e turma.
Se houver mais alguma informação importante, vale inserir nesta parte. Há disciplinas, por exemplo, que contam com a participação de mestrandos e/ou doutorandos (em estágio de docência). Trata-se de um dado significativo e, portanto, deve constar no plano de ensino (nome dos pós-graduandos e seus referidos cursos).
# ITEM 02 – Ementa
É o texto que apresenta a “essência” da disciplina e deve estar de acordo com o projeto político pedagógico do curso. Por isso, é sintético e não pode, de maneira alguma, ser alterado arbitrariamente pelo professor da matéria.
A ementa é composta basicamente por um parágrafo (com quatro ou, no máximo, cinco linhas). Seu texto deve ser escrito de modo sucinto e objetivo, indicando claramente o escopo da disciplina.
# ITEM 03 – Objetivos
Representam o elemento central do plano de ensino e de onde derivam os outros itens (conteúdo programático, metodologia de ensino, bibliografia, etc.). A função deste componente é tornar a ementa exequível.
Os objetivos indicam a tarefa que deve ser realizada ao longo de um período letivo. Ou seja, os conteúdos que devem ser conhecidos, compreendidos, debatidos, analisados, etc.
Se achar necessário, você pode dividir os objetivos em geral e específicos, como se faz num projeto de pesquisa.
DICA: Os objetivos devem ser redigidos em forma de frases (como tópicos), com verbos no infinitivo, demonstrando a ação (exemplos: apresentar, conhecer, definir, situar, identificar, classificar, compreender, comparar, etc.).
# ITEM 04 – Conteúdo programático
É a descrição detalhada dos conteúdos elencados na ementa. Este componente do plano de ensino deve ser apresentado, de modo coerente e lógico, em módulos.
Uma boa dica na hora de construir o conteúdo programático é partir do geral para o particular na organização e hierarquização dos assuntos que precisam ser trabalhados em sala de aula.
# ITEM 05 – Metodologia de ensino
Consiste no conjunto de procedimentos e estratégias pedagógicas que o professor emprega para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Este item do plano de ensino pode ser sempre revisado pelo docente, já que o propósito é fazer com que os estudantes assimilem o conteúdo.
A metodologia de ensino precisa levar em conta que os indivíduos (os estudantes, neste caso) são diferentes em sua constituição biológica, social, cultural e cognitiva. Por isso, o professor pode (e deve) utilizar diferentes tipos de métodos e recursos, adequando-os às particularidades da turma.
Deste modo, para saber qual a melhor metodologia a ser adotada numa determinada disciplina, o ideal é focar nos objetivos do plano de ensino, mas sem esquecer de observar o perfil da turma.
Há uma variedade de métodos e recursos que podem ser utilizados pelo professor em sala de aula. Seguem abaixo alguns deles:
- Aula expositiva
- Aula demonstrativa
- Aula prática
- Estudo dirigido
- Estudo de caso
- Mapa conceitual
- Seminário
- Debate orientado
- Ensino com pesquisa
- Trabalho em grupo
- Trabalho de campo
- Visita técnica
- Júri simulado
- Resolução de problemas
- Jogos colaborativos
DICA: Os aparatos tecnológicos que temos hoje em dia podem ajudar bastante o processo de ensino-aprendizagem. Pense nisso! Seja criativo!
# ITEM 06 – Critérios de avaliação
É importante que o docente especifique as informações básicas sobre a avaliação, como os trabalhos e as atividades que devem ser realizadas, quando vão ocorrer e quais os critérios que vão ser utilizados para a atribuição de conceitos (notas) aos estudantes.
Tudo isso deve ficar muito claro no plano de ensino. O importante é que os estudantes saibam como serão avaliados pelo professor.
Geralmente, a avaliação ocorre por meio da aplicação de provas, exercícios (em casa ou na sala de aula), atividades individuais ou em grupo, pesquisas de campo, etc.
No âmbito da pós-graduação, o sistema de avaliação mais comum é realizado através da produção de textos acadêmicos, dentre eles o artigo científico, a resenha, o fichamento, o projeto de pesquisa, o relatório, além do produto final que deve ser apresentado (defendido) num curso de mestrado (a dissertação) e de doutorado (a tese).
# ITEM 07 – Cronograma de atividades
Este componente permite a estruturação de todo o conteúdo que deve ser trabalhado durante o curso. Por um lado, dá a chance para o docente planejar melhor suas aulas, e, por outro, permite que o aluno organize sua leitura de textos e realização de tarefas (de avaliação) solicitadas.
No decorrer do semestre, a partir das demandas que forem eventualmente surgindo, o professor pode complementar algum texto ou atividade que achar necessário. O melhor a fazer é deixar uma pequena quantidade de itens para as últimas aulas, para o caso de precisar acrescentar alguma coisa. O que aparecer (como ideia do professor ou sugestão dos alunos) depois do início das aulas, fica para o final do semestre.
DICA: No cronograma, deve constar o número da aula (em sequência), o conteúdo a ser ministrado ou atividade solicitada e a data programada para que essa aula ocorra. A recomendação é que o primeiro encontro seja reservado para apresentação do professor, dos estudantes e da própria disciplina (entrega e leitura do plano de ensino).
# ITEM 08 – Bibliografia
Compreende todo o material utilizado pelo professor para fazer seu plano de ensino. Na bibliografia, constam livros, artigos científicos e outros tipos de pesquisa (projetos e relatórios), além de textos jornalísticos (reportagens, entrevistas, etc.) e comunicacionais (como filmes).
Há dois tipos de bibliografia:
- Básica: como o próprio nome diz, é a base do disciplina; deve fazer parte do acervo da biblioteca da instituição, com um número razoável de exemplares por título.
- Complementar: é um item adicional e busca enriquecer a bibliografia básica do curso; não costuma ser cobrada como leitura obrigatória pelo professor.
UM MODELO DE PLANO DE ENSINO
O CAED-Jus facilita a sua vida sempre que é possível.
Por isso, fizemos um modelo básico de plano de ensino para você começar hoje a formular o seu.
Confira abaixo:
MODELO BÁSICO DE PLANO DE ENSINO
Curso: xxxxx
Disciplina: xxxxx Professor: xxxxx |
Ementa:
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx |
Objetivos:
xxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxx |
Conteúdo programático:
xxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxx |
Metodologia de ensino:
xxxxxxxxxxxx |
Critérios de avaliação:
xxxxxxxx |
Cronograma de atividades:
xxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxx |
Bibliografia:
xxxxxxxx xxxxxx xxxxxxxxx |
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