A vida acadêmica tem lógica própria e regras específicas no Brasil. Fazer parte deste universo requer o conhecimento de suas particularidades: significado de siglas (CAPES, CNPq), preenchimento do Currículo Lattes, entendimento de normas da ABNT, pontuação da produção intelectual, etc.
Se há aspectos que parecem confusos para quem já está inserido no campo acadêmico, imagine, então, para quem está começando. Um destes elementos é o chamado Qualis.
Este artigo vale tanto para quem está iniciando na vida acadêmica quanto para quem já tem algum conhecimento sobre o Qualis. O intuito é explicar mais objetivamente do que se trata, para que serve, quando foi criado, bem como esclarecer dúvidas e/ou questionamentos, seja você um neófito ou um pesquisador experiente.
QUANDO FOI CRIADO?
O sistema de avaliação dos programas de pós-graduação do país foi criado pela CAPES em 1977, sendo aperfeiçoado com o passar dos anos. As primeiras avaliações empregavam os seguintes conceitos: A (muito bom), B (bom), C (regular), D (fraco) e E (insuficiente).
Nos anos 1990, o processo de avaliação assumiu basicamente indicadores quantitativos, como o número de artigos publicados pelos programas. A divulgação do resultado de avaliação ficava restrita às instituições, não sendo tornado públicos.
Na virada do século, com o aumento da produção científica, houve a necessidade de ampliar os critérios de avaliação (para além de indicadores quantitativos), que passou a contar, dentre os seus componentes, com periodicidade, corpo editorial, bases de indexação, etc.
Atualmente, o Qualis serve como instrumento de avaliação dos programas de pós-graduação nacionais (stricto sensu, ou seja, a nível de mestrado e doutorado) em termos de produtividade do corpo docente e discente.
O QUE É O QUALIS?
O Qualis é o sistema de classificação dos veículos de divulgação da produção científica brasileira, visando aferir seu nível de qualidade (bases de indexação, impactos bibliométricos etc.).
Este trabalho é feito pela CAPES, que faz uma revisão permanente dessa classificação, em geral em periodicidade quadrienal.
Embora o nome Qualis seja amplamente associado às revistas acadêmicas (daí o nome Qualis Periódicos), o sistema vale também para classificar livros e eventos. Deste modo, é possível verificar as respectivas nomenclaturas Qualis Livros e Qualis Eventos. Há ainda o Qualis Artístico, da área de Artes/Música, que considera a produção artística vinculada a esses programas de pós-graduação.
A CAPES disponibiliza um site (WebQualis), hospedado na Plataforma Sucupira, onde pode ser consultado o resultado da classificação do Qualis dos veículos num determinado período. Segundo a CAPES, o WebQualis só permite que seja verificada a produção divulgada em periódicos.
QUALIS REVISTAS
No Qualis Periódicos, como o próprio nome sugere, são avaliados os periódicos científicos e não os artigos individualmente.
A classificação é feita por áreas de avaliação (Direito, Sociologia, Economia, Educação, História, Filosofia, Comunicação e Informação, etc.) e conta, atualmente, com dez estratos:
– A1, o mais elevado.
– A2
– A3
– A4
– B1
– B2
– B3
– B4
– B5
– C, com peso zero.
Ao acessar o WebQualis você vai notar que haverá publicações classificadas em duas ou mais áreas, podendo receber diferentes avaliações, a depender da área de avaliação. Nesse sentido, um mesmo veículo pode ter, para diferentes áreas, diferentes classificações.
Por exemplo, um periódico X, da área de ciências sociais (Antropologia, Ciência Política e Sociologia), pode apresentar várias classificações, dependendo da área de avaliação: A1, para Antropologia, Sociologia e Educação; A2, para Ciência Política e Relações Internacionais; B2, para Economia e Geografia; B3, para Engenharias III; B5, para Ciências Agrárias I; etc.
A classificação no Qualis Periódicos é feita por comissões de consultores, cada qual focando um conjunto específico de áreas do conhecimento e seguindo critérios da área.
Um importante critério de avaliação refere-se às bases de indexação do periódico (Lilacs, SciELO e Medline, para citar algumas). Indexar um veículo indica que ele será integrado a uma base de dados, com processos de seleção rigorosos, que facilita a divulgação do conteúdo. Os periódicos mais indexados (sobretudo em bases de dados internacionais) costumam ser melhor avaliados.
QUALIS LIVROS
No Qualis Livros, como o próprio nome sugere, são avaliados os livros. Isto quer dizer que toda a avaliação de livros é individual e a posteriori, de acordo com as reuniões quadrienais das áreas.
Portanto, seria errado perguntar qual o Qualis de um livro antes dele ser publicado ou avaliado na quadrienal da CAPES.
A classificação é feita por áreas de avaliação (Direito, Sociologia, Economia, Educação, História, Filosofia, Comunicação e Informação, etc.) e conta, atualmente, com quatro estratos:
– L4, o mais elevado e analisado qualitativamente
– L3, analisado quantitativamente
– L2, analisado quantitativamente
– L1, analisado quantitativamente
É muito comum que estas publicações sejam classificadas em duas ou mais áreas, podendo receber diferentes avaliações, a depender da área de avaliação. Nesse sentido, um mesmo livro pode ter, para diferentes áreas, diferentes classificações.
A classificação no Qualis Livros é feita por comissões de consultores, cada qual focando um conjunto específico de áreas do conhecimento e seguindo critérios da área. Os critérios para atribuição de qualidade a um periódico variam entre áreas e, também, de ano para ano.
No momento da publicação deste artigo, a CAPES informa que, por uma limitação técnica-operacional, a classificação de livros (Qualis Livros) tem sido utilizada apenas para fins do processo de avaliação quadrienal.
Confira o que informa o site da CAPES neste momento da publicação:
Por uma limitação técnica-operacional, a classificação de livros está sendo utilizada exclusivamente para fins do processo de avaliação. Ou seja, nesse momento não se divulga a relação dos livros classificados. As áreas que se utilizam da classificação de livros para a Avaliação dos Programas têm feito o procedimento diretamente por meio dos cadernos de indicadores, para avaliação dos Programas de Pós-graduação e/ou planilhas específicas e sua divulgação tem acontecido intra-área, ou seja, diretamente aos programas. É importante ressaltar que os livros devem ser declarados no Módulo Coleta da Plataforma Sucupira, no campo referente à produção intelectual. Para mais informações sobre o andamento da qualificação de livros em cada área, sugere-se contato direto com o coordenador de cada área pelo e-mail disponível na página da Capes.
Isto porque são centenas de milhares de livros publicados anualmente no Brasil e, por motivos logísticos, torna-se inviável o ranqueamento ou divulgação da avaliação de todos os livros publicados.
Segundo o mesmo site, “A Capes não possui cadastro de editoras nem faz avaliação sobre sua qualidade”.
É importante destacar que os livros publicados no CAED-Jus preenchem os requisitos para serem avaliados como L3 e L4, tendo em vista que a sua concepção observa integralmente os critérios de avaliação da CAPES. Para consultar os critérios de avaliação, procure o Documento de Área da sua área do conhecimento na CAPES.
QUALIS EVENTOS
No Qualis Eventos, como o próprio nome sugere, são avaliados os eventos nacionais e internacionais que tiveram participação de docentes e discentes de programas de pós-graduação. Isto quer dizer que toda a avaliação de eventos é individual e a posteriori, de acordo com as reuniões quadrienais das áreas.
Portanto, assim como nos livros, seria errado perguntar qual o Qualis de um evento antes dele ser publicado ou avaliado na quadrienal da CAPES.
No momento da publicação deste artigo, a CAPES informa que não está realizando avaliações de eventos.
Confira o que informa o site da CAPES neste momento da publicação:
Não se realiza, desde 2009, qualificação de eventos, apenas de periódicos e livros. Estão suspensas temporariamente quaisquer informações sobre eventos.
Isto porque são centenas de milhares de eventos realizados anualmente e, por motivos logísticos, torna-se inviável a avaliação.
QUALIS ARTÍSTICO
No Qualis Artístico, destinado apenas as áreas de Artes/Música, são avaliadas as produções artísticas de docentes e discentes de programas de pós-graduação. Isto quer dizer que toda a avaliação das obras é individual e a posteriori, de acordo com as reuniões quadrienais das áreas.
Portanto, assim como nos livros e eventos, seria errado perguntar qual o Qualis de uma obra antes dela ser avaliadana quadrienal da CAPES.
Confira o que informa o site da CAPES neste momento da publicação:
A área de Artes/Música considera a produção artística, vinculada diretamente aos programas de mestrado e doutorado pertencentes à área, central para o processo de avaliação de seus Programas de Pós-Graduação stricto sensu. Sendo assim, consolidou e utiliza o Qualis Artístico o qual, no contexto da avaliação quadrienal, é o instrumento que permite a classificação, de acordo com critérios e procedimentos claros e compreensíveis às demais áreas de avaliação, da produção artística dos programas de pós-graduação submetida à CAPES, em cada ano do quadriênio, por meio do módulo Coleta na Plataforma Sucupira. Outras áreas de avaliação também utilizam o Qualis Artístico, ainda que atribuam uma importância menor a este item no quesito da ficha de avaliação.
Partindo do princípio de que o eixo da avaliação é a produção dos programas e de que se trata de perceber como o conjunto da produção artística dos programas é reconhecido pela Área a partir de sua repercussão e abrangência, considera-se que mais importa uma temporada que uma apresentação única; uma exposição que uma obra particular, já que o agrupamento das produções permite uma visão panorâmica e otimizada das mesmas – devendo ser enfatizadas as produções, cujo impacto se faz sentir no contexto das temporadas, turnês e exposições. […]
Advoga-se para os Programas da área um equilíbrio entre produção bibliográfica e produção artística. Neste sentido, o processo de avaliação da pós-graduação em Artes/Música classificou a produção artística de tal forma a equipará-la à produção bibliográfica.
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O Conselho Internacional de Altos Estudos em Direito (CAED-Jus) atualiza suas plataformas com conteúdos de qualidade constantemente, contando com materiais produzidos nos vários eventos realizados ao longo do ano, bem como com artigos e dicas aqui pelo Blog. Se o assunto é inovação e tecnologia na carreira acadêmica, o CAED-Jus é uma excelente ferramenta que você tem em mãos.
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