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06 livros importantes para sua carreira acadêmica

Vivemos em tempos de Netflix, Amazon Prime, YouTube, WhatsApp e Facebook. De filmes à séries e tutoriais, todas as informações chegam e vão muito rápido. Citando grande Freddie Mercury “easy come easy go”.

Para muitos os livros ficam em segundo plano devido ao dispêndio de energia gasto para absorver seu conteúdo. Mas para vários outros os livros têm um local especial, pois são parte integrante de sua própria estrutura intelectual.

Aos acadêmicos, sobretudo para mestrandos e doutorandos, a leitura constante é uma condição sem a qual não é possível continuar. Seja em PDF ou em livros físicos, o acadêmico sempre tem a oportunidade de “pôr o seu cérebro em movimento” a partir do conteúdo.

E é por isso que pensamos nesta publicação do blog sobre 06 livros importantes para sua carreira acadêmica. Não vamos mostrar aqui somente livros que ensinam como passar por trechos da vida acadêmica, mas sim livros que se originam destes caminhos, verdadeiras inspirações para que possamos superar as dificuldades da academia.

Vamos lá:

06 livros importantes para sua carreira acadêmica

1) Como se Faz Uma Tese – Umberto Eco

Umberto Eco foi um escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional. Foi titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de ciências humanas na Universidade de Bolonha. Ensinou temporariamente em Yale, na Universidade Columbia, em Harvard, Collège de France e Universidade de Toronto. Colaborador em diversos periódicos acadêmicos e notório escritor de romances, entre os quais “O nome da rosa” e “O pêndulo de Foucault”. Mas, falaremos de outro livro menos conhecido do autor: “Como se Faz uma Tese”.

É um livro fantástico. Umberto Eco acerta em cheio no tom que utiliza para elaborar uma obra com conselhos e sugestões para todo aquele que está na fase da elaboração de uma tese. E por ‘tese’ aqui deve se considerar algo mais amplo, indo da tese de compilação à doutoral. O livro apresenta dicas, críticas, sugestões e apontamentos fundamentais voltadas para a vida acadêmica.

Dentre os pontos que merecem ser destacados estão a escolha do tema, um emaranhado de subtópicos que inclui dicas para se desenvolver uma monografia com orientação de professores, uma excelente ferramenta de metodologia de pesquisa. Ele fala de teses monográficas (mais restritas) ou panorâmicas, teses históricas ou teóricas. Fala sobre as diferenças e dificuldades dos temas antigos ou contemporâneos. Esmiúça a chamada tese científica e a tese política. Fala ainda da função das teses, que servem para ensinar e esclarecer sobre um tema, sem misticismos.

Devemos considerar que a primeira edição de “Como se faz uma tese” é da década de 70 e, por isso, termos como ‘‘datilografar’’ aparecerão, mas isso não inibe em nada a qualidade do trabalho e o sucesso do intuito de Eco para te mostrar o caminho certo da pesquisa científica.

2) A Consolação da Filosofia – Boécio

Bom, este pode ser um livro complicado e que exige um pouco de paciência para alavancar a leitura, mas ele é especialmente inspirador pela temática e pelo contexto. A busca de Boécio é a mesmo dos pesquisadores: a verdade.

A Consolação da Filosofia é o único livro escrito por Manlio Severino Boécio, senador romano que viveu no século VI d. C. Seu livro foi escrito em 524, quando foi condenado à morte ao ser acusado de conspiração. Boécio escreve A Consolação da Filosofia enquanto preso e esperando por sua pena! E você pensando que o vizinho barulhento é problema, hein? Entre passagens em prosa e verso, Boécio dialoga com a Dama Filosofia que fica ao seu lado na cela.

O que se segue então é um diálogo entre os dois para compreender o sofrimento do autor. Diz que o segredo da cura de algo é compreender a doença e que não entender nós mesmos gera nossa infelicidade. O diálogo também trata das coisas boas e ruins que influenciam nossas vidas e que nossas falsas expectativas e incapacidade de perceber que a busca da felicidade fora de nós mesmos é um erro. De como o humano deve buscar a verdadeira felicidade e abandonar a infelicidade da incapacidade de ver o quadro completo de nossa existência.

Esse é um livro de filosofia e foi escrito por uma pessoa que, mesmo em uma situação muito difícil, conseguiu se concentrar para construir uma obra-prima. Não importa o quão difícil seja e quão estreita seja a porta, é possível.

3) 1984 – George Orwell

Um clássico de George Orwell, essa distopia dá um bom retrato mundo em que vivemos e nos inspira “às avessas”.

Aqui segue um bom resumo da narrativa: “em terceira pessoa, o livro traz a história de Winston no ano que dá nome à obra, em Londres, pertencente à Oceânia, superpotência controlada pelo Partido, governo totalitário comandado por seu líder e símbolo, o Grande Irmão. O protagonista pertence ao Partido Externo, classe social intermediária ao Núcleo do Partido, a mais privilegiada, e aos “proletas”, a mais desfavorecida e predominante. Além da Oceânia, há duas outras superpotências, a Eurásia e a Lestásia, constantemente em guerras entre si. Winston, enquanto vive pressionado a aceitar o sistema vigente, acaba por, intimamente, se rebelar contra ele e, ao conhecer Julia, por quem se apaixona, ambos partem em uma revolta secreta contra o Partido, unidos pelo amor entre si e pelo desejo de liberdade”.

Orwell faz duras críticas à nossa sociedade por meio dessa sociedade descrita com a hierarquização das classes sociais, a opressão e a violência do governo, a alienação e distorção da verdade como forma de controle. O ponto mais fantástico da obra é a construção psicológica da trama ao mostrar como o Partido consegue influenciar a mente dos indivíduos, tornando verdade algo completamente distorcido, fazendo um alerta à corrupção e subversão do homem quando exposto aos seus piores temores.

4) A Estrutura das Revoluções Científicas – Thomas Kuhn

Este livro a ver com tudo o que pode ser chamado de ciência (e o direito é uma ciência, lembram de Kelsen?), mas tem uma função essencial para o acadêmico: mostrar que todas as suas certezas serão destruídas com o tempo… ainda bem.
A ideia do autor desenvolve a análise das estruturas científicas desde a “pré-história” de uma ciência, quando existe ampla divergência entre os pesquisadores sobre um determinado fenômeno que ainda não alcançou o estatuto de científico, o que muda quando se adquire um paradigma que, em termos amplos, significa ‘exemplo’ ou ‘modelo’. Quando um novo paradigma vem a substituir o antigo, ocorre aquilo que Kuhn chama de revolução científica, surgindo a crise de uma ciência e começando tudo novamente.
Este é um livro de quebra de paradigma, com o perdão do trocadilho, o que é essencial aos acadêmicos. A missão do cientista não é confirmar uma verdade, mas sim desconstruir quantas puder.

5) O Princípio Responsabilidade – Hans Jonas

Este é outro livro para todas as ciências. Na verdade, para que as ciências saibam o seu lugar e para que o cientista saiba de sua responsabilidade como tal.
O livro do filósofo alemão Hans Jonas “O Princípio Responsabilidade”, escrito em 1979, faz uma severa crítica a qualquer utopia progressista e sua atualidade doentia, seja capitalista ou comunista. Jonas faz uma alteração do imperativo categórico kantiano e cria o seu princípio responsabilidade, entendendo-o como: “age de maneira que tuas ações não comprometam a existência de uma autêntica vida humana sobre a Terra”. Isso é necessário porque uma nova civilização tecnológica implica que certas ações humanas possam comprometer o futuro da humanidade e dos seres que ainda estão por vir. Hans Jonas é enfático ao afirmar que o indivíduo isolado pode até negar-se a trazer filhos ao mundo, mas a humanidade como um todo não tem o direito a um suicídio coletivo.
É também um livro de filosofia, com termos específicos da área, mas seu objetivo é muito comum e nos coloca para pensar como nós, cientistas, temos responsabilidade para com o mundo que aqui está e que virá. Vocês serão professores, pesquisadores ou mesmo juízes, promotores e etc. Vocês podem reproduzir um modelo científico falho e prejudicial ou podem tentar melhorar e aprimorar cada vez mais. Façam sua escolha!

6) Eichmann em Jerusalém – Hannah Arendt

Este é um dos relatos mais assustadores já feitos e um chamado a pensar os limites de tudo o que é legal. Hannah Arendt, uma das maiores teóricas políticas do século XX, cobriu o julgamento de Adolf Eichmann, que foi membro da SS e um dos militares que organizou a Solução Final, o esquema de extermínio dos judeus no Holocausto. Seu julgamento foi em Jerusalém, no coração da nova nação judaica, em meio a um “show” para o possível suplício de um dos mais notórios carrascos nazistas.

A estarrecedora conclusão de Arendt demonstra que Eichmann não é o monstro que se pensava, mas sim um burocrata comum e medíocre que somente seguia ordens em um regime totalitário. Ele dizia merecer elogios, pois somente cumpriu ordens e seguiu a lei vigente no país. A essência de seu relato se dava na afirmação de que seus atos existiram mesmo que ele fosse substituído, mostrando à Hannah Arendt que todos nós temos possíveis Eichmanns em nós a partir do momento no qual nos alienamos e deixamos de analisar a realidade em que vivemos.

É um livro definitivo para dar ao pesquisador e ao professor a ciência de sua responsabilidade e de que não deve fugir de pensar a sua realidade e passar suas conclusões em seus trabalhos, por mais duro que seja.

E o que isso tem a ver com o CAED-Jus?

O CAED-Jus busca sempre trazer aquilo de mais inspirador e essencial ao acadêmico em seus livros, artigos e eventos. Com periodicidade e inovação, o Conselho de Altos Estudos em Direito tem uma variedade de eventos periódicos e conteúdos diversificados, que organizam os temas necessários para que você possa sempre dar um passo além na vida acadêmica.

Além disso, os eventos do CAED-Jus podem contribuir pelo menos com o seguinte:

1. Membership em associação internacional
2. Apresentação de trabalho em evento
3. Participação em evento
4. Publicação de trabalho como capítulo de livro impresso

Você pode acessar o site do CAED-Jus em www.caedjus.com e se inscrever no próximo evento programado com um artigo de sua autoria. Aproveite esta oportunidade!

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Sobre os autores:

Felipe Asensi

Diretor do Instituto Diálogo, Pós-Doutor em Direito pela UERJ, Doutor em Sociologia pelo IESP/UERJ,Mestre em Sociologia pelo IUPERJ,Advogado formado pela UFF, Cientista Social formado pela UERJ, Membro Efetivo do IAB e da Academia Luso-Brasileira de Ciências Jurídicas, Senior Member da Inter-American Bar Association (IABA), Professor da UERJ, UCP, USU e AMBRA College, Autor de 34 livros.

Diego Monnerat

Mestrado em Direito pelo PPGD/UCP como Bolsista CAPES, na linha de pesquisa Fundamentos da Justiça e dos Direitos Humanos/Área de Concentração: Justiça, Processo e Direitos humanos. Graduado em Direito pela Universidade Candido Mendes-Nova Friburgo. Extensão em Direito Médico pela EMERJ. Professor tutor da Universidade Unyleya. Advogado (OAB/RN). Foi membro da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Mossoró/RN.

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