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10 passos para você elaborar um projeto de pesquisa

Elaborar um projeto de pesquisa exige muito trabalho, persistência e paciência. É um exercício através do qual você vai e volta muitas vezes para poder construir uma boa proposta. Isso ocorre porque o projeto de pesquisa precisa ter uma lógica interna. Ou seja, o objeto de estudo deve dialogar com o problema, que deve dialogar com os objetivos, que devem dialogar com os procedimentos metodológicos e assim por diante.

A construção de um projeto de pesquisa requer planejamento. Como a vida é dinâmica e cheia de imprevistos (sem querer parecer pessimista), o planejamento exige ser sempre replanejado. Isso quer dizer que algo pode ser modificado aos “45 do segundo tempo” e você deve entender, inclusive recuando quando for necessário.

Se você seguir este artigo até o final, terá grandes chances de elaborar um bom projeto de pesquisa. São 10 passos para chegar a esta finalidade.

 

O QUE É UM PROJETO DE PESQUISA?

Um projeto de pesquisa é um documento onde se articula e se organiza uma proposta de investigação acadêmica. Serve como um roteiro para o trabalho que está por vir e deve responder basicamente a três questões: o que pesquisar; por que pesquisar; e como pesquisar.

Confira, então, 10 passos para você elaborar um projeto de pesquisa:

 

# PASSO 01 – O tema

Toda caminhada precisa do primeiro passo. Para elaborar um projeto de pesquisa, este primeiro passo é dado com a escolha do tema. Trata-se ainda de uma definição genérica do que você pretende estudar.

Com o grande acúmulo de produção acadêmica ao qual chegamos, fica quase impossível eleger algum tema inteiramente original. E não há problema nenhum nisso, já que há diversos aspectos (objeto de estudo, procedimentos metodológicos, referencial teórico, etc.) que vão diferir a sua pesquisa de outra realizada anteriormente, como veremos mais adiante.

Portanto, não esqueça: o que confere originalidade ao tema é a abordagem dada a ele, e não o tema em si. Por isso, não se preocupe de estudar algo que outra pessoa está investigando naquele momento ou que pareça ter sido muito explorado por pesquisadores.

Mas como escolher o que você quer pesquisar diante de uma infinidade de assuntos? Eis alguns pontos para te ajudar nesta tarefa:

  1. Questão reflexiva: geralmente, uma pesquisa parte de alguma pergunta; aproveite para colocá-la no papel (para poder respondê-la).
  2. Afinidade pessoal: pense naquilo que você gosta ou tenha alguma familiaridade.
  3. Interesse profissional: busque algo que esteja dentro do seu interesse (ou faça parte da sua experiência) profissional.
  4. Relevância acadêmica: tenha em mente um tema que possibilite um diálogo com seus pares.

 

# PASSO 02 – O objeto de estudo

Se o tema é genérico, o objeto de estudo deve ser específico. Assim, na passagem do tema (genérico, amplo) para o objeto de estudo (específico, restrito), seu projeto de pesquisa começa a tomar forma, delimitando-se e, consequentemente, distinguindo-se de outras investigações que, num primeiro olhar, assemelham-se à sua.

Este recurso (delimitar o objeto de estudo) vai te ajudar a ter foco na pesquisa, evitando que você corra o risco de ficar perdido no meio do caminho.

Uma boa recomendação para transformar seu tema em objeto de estudo é colocá-lo num contexto particular: tempo e espaço definidos.

Veja abaixo alguns exemplos de objetos de estudo:

  1. A ditadura militar na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1968 e 1970.
  2. A representação da violência em jornais populares da cidade de Salvador.
  3. Os fatos que levaram ao impeachment do presidente Fernando collor em 1992.
  4. A construção da imagem do presidente Getúlio Vargas durante o Estado Novo.
  5. O uso de dispositivos tecnológicos em escolas públicas estaduais da cidade de Recife.
  6. A trajetória profissional dos presidentes do STF entre 2001 e 2016.
  7. A formação de professores de sociologia em faculdades públicas de São Paulo.
  8. O processo de formação da “identidade maranhense” em manifestações culturais populares da cidade de São Luís.

 

# PASSO 03 – O problema de pesquisa

Uma ideia que vai servir de base para um projeto de pesquisa parte, geralmente, de uma pergunta (ou várias perguntas). Por exemplo: “por que algo acontece de tal forma?” ou “como tal coisa ocorre?”.

No entanto, a pergunta nem sempre aparece de modo claro para o iniciante (e também para o pesquisador em formação). É bom lembrar que essa “pergunta inicial” pode levar a outras perguntas (secundárias).

O ideal é forçar-se (trata-se efetivamente de um exercício necessário) para que ela apareça, transpareça, manifeste-se. Surge daí o que se chama no campo científico de problema de pesquisa.

Insista nessa tarefa (tente colocar no papel as perguntas que despontarem na sua cabeça)! Afinal, essa é uma parte importante do projeto de pesquisa.

Seguem algumas dicas que podem te auxiliar na formulação do problema de pesquisa, bem como na viabilidade da proposta:

  1. Dá para elucidar o problema numa pesquisa acadêmica?
  2. O problema é original?
  3. Vou conseguir dar conta de resolver o problema no prazo estipulado (lembrando que são dois anos de mestrado e quatro de doutorado)
  4. Dá para realizar a pesquisa proposta?
  5. Tenho recursos (financeiros, bibliográficos, cognitivos, etc.) para executar a pesquisa?
  6. A pesquisa tem relevância científica e social?

 

# PASSO 04 – As hipóteses

Se uma pesquisa parte, geralmente, de uma pergunta (ou várias perguntas), podemos dizer que elas carregam consigo possíveis respostas. Tais respostas, ainda não comprovadas, são denominadas hipóteses.

Essas possíveis respostas podem estar na cabeça do pesquisador de modo consciente ou não. Por isso, também se trata de um exercício. A hipótese pode “aparecer” ou não.

É importante ressaltar que a construção de hipóteses não é um consenso na investigação acadêmica. Ou seja, a hipótese não é um item obrigatório no projeto de pesquisa, como os outros. Ela vai depender do tipo de orientação (muitas vezes, essa é uma exigência do orientador), da necessidade da pesquisa (a depender do objeto, há hipóteses claras) e da capacidade/vontade do próprio pesquisador (é comum que um pesquisador a nível de mestrado não tenha maturidade para elaborar hipóteses).

É necessário que o pesquisador tome cuidado, pois uma hipótese desenvolvida de modo forçado pode contaminar todo o trabalho. Ele pode querer confirmá-la a todo custo, colocando a pesquisa em risco. Saiba que uma hipótese pode ser confirmada total ou parcialmente ou, até mesmo, negada.

 

# PASSO 05 – Os objetivos

Os objetivos deixam claro aquilo que você quer realizar de maneira efetiva. Eles compreendem, portanto, uma instância mais prática da pesquisa, configurando sua própria execução, como metas que devem ser rigorosamente cumpridas.

Os objetivos dividem-se em dois níveis:

  1. Objetivo geral: define a dimensão macro da pesquisa.
  2. Objetivos específicos: apontam a dimensão micro da pesquisa e estão ligados ao objetivo geral, complementando-o.

 

OBS: os objetivos iniciam-se com um verbo no infinitivo (exemplos: analisar, identificar, caracterizar, descrever, comparar, etc.), indicando o que deve ser feito.

 

# PASSO 06 – As justificativas

Neste tópico, deve ser revelada a pertinência da pesquisa. Ou melhor, sua relevância científica e social, bem como as motivações que levaram a aspectos como, escolha do tema, delimitação do objeto de estudo, opções metodológicas, objeto empírico, etc.

Claro que não há necessidade de justificar ponto a ponto, mas elementos que ajudam a estruturar a pesquisa. Com isso, o pesquisador passa a ter clareza e consciência sobre sobre cada decisão tomada, sabendo a importância de cada passo dado para o propósito que busca alcançar.

 

# PASSO 07 – Os procedimentos metodológicos

Este ponto representa a operacionalização da pesquisa. Ou melhor, como o estudo vai ser colocado em prática. Cabe, então, fazer uma descrição detalhada dos métodos e técnicas que serão adotados pelo pesquisador.

OBS: É preciso fazer uma distinção entre método e técnica de pesquisa. O método representa uma opção ou um caminho que possa levar a um determinado lugar que se busca alcançar. A técnica de pesquisa consiste em instrumentos operatórios que integram o método adotado. O método é, portanto, construído pelo pesquisador.

Os procedimentos metodológicos explicitam como os objetivos serão alcançados. Por isso a importância em estabelecer objetivos (geral e específicos). Lembra deles?

Há uma enorme variedade de métodos e técnicas para os mais variados tipos de pesquisa. É preciso, no entanto, tomar cuidado no momento de escolha desses vários recursos metodológicos para não se perder no caminho.

A recomendação é que, ao optar por determinado método, você tenha em mente o objeto de estudo, o problema de pesquisa e os objetivos (geral e específicos).

 

# PASSO 08 – O referencial teórico

O referencial teórico integra, basicamente, os autores com os quais você irá “conversar” durante seu percurso de pesquisa. São eles que vão “iluminar” sua análise. Isso quer dizer que é da relação dialética e dialógica entre teoria e empiria que a realidade é explicada.

Por isso, escolha bem os autores com quem você vai “conversar”. Busque conhecer sua escola de pensamento teórico, o contexto da obra, etc. Manifeste tais aspectos no seu texto. Isso demonstra capacidade de contextualização não só do objeto de estudo, mas também do autor com quem se “fala”, das circunstâncias (históricas, geográficas, sociais, etc.) em que se deram determinado fenômeno e dos seus conceitos.

É importante destacar que não acrescenta em nada à pesquisa escolher apenas autores que reiteram o que você pensa. Não vire as costas para autores cujo pensamento você se opõe. Discorde, mas exponha os argumentos. Por outro lado, tome cuidado com autores que você tenha predileções. Desconfie sobretudo de quem você tende a concordar. Seja crítico!

OBS: Não deixe os autores “falarem” por você e não faça uma mera compilação de conceitos. Procure dialogar com os autores e ilustrar os conceitos, problematizando ambos.

 

# PASSO 09 – O sumário preliminar

O sumário preliminar, também chamado de sumário ampliado ou sumário provisório, serve como uma espécie de mapa do trajeto a ser seguido. Ele ajuda a organizar o trabalho que está por vir, uma vez que compõe a estrutura de capítulos (com a descrição de cada um deles).

Claro que o sumário pode passar por alterações no decorrer da pesquisa. Por isso, ele é preliminar.

Veja abaixo os elementos básicos que constituem um projeto de pesquisa:

  1. Resumo (com palavras-chave)
  2. Introdução (tema de pesquisa, objeto de estudo e problema de pesquisa)
  3. Hipóteses
  4. Objetivos (geral e específicos)
  5. Justificativas
  6. Procedimentos metodológicos
  7. Referencial teórico
  8. Sumário preliminar
  9. Cronograma de pesquisa
  10. Referências
  11. Anexos e apêndices

 

OBS: Anexo refere-se a algum item ou documento elaborado por outrem. Apêndice diz respeito a algo produzido pelo próprio autor do trabalho.

 

# PASSO 10 – O cronograma

O cronograma ajuda a organizar a pesquisa no que se refere à sua duração. Trata-se da relação entre o número de dias até o prazo final (são, pelo menos, 2 anos de mestrado e 4 de doutorado) e o trabalho que precisa ser executado até lá.

Defina as datas e as tarefas que precisam ser realizadas! Cada dia “perdido” é um dia a menos. Por isso, é importante seguir o cronograma à risca, já que imprevistos acontecem (tempo a mais na redação de determinado capítulo, questões pessoais, etc.).

 

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